quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Renasçamorte

Há três dias atrás estava na sacada do meu apartamento olhando para as estrelas , junto com uma amiga, e questionando a ela a morte.

Por alguns minutos, senti uma forte dor no peito em pensar que talvez, quando morrer, não irei pra lugar algum. Morrerei mesmo, não existirei mais. Minha amiga, na minha agonia, começou a dizer que não, imagina, não seria justo viver em vão, viver sem propósito. Que muitas coisas em vida nos davam a idéia de pudesse haver algo além da morte.

Esse ano, perdi uma das pessoas que mais amei, e ainda amo. Minha vô, faleceu início do ano. Foi a primeira perda efetiva que tive. Tive um avó e um tio que morreram quando era pequena...não tenho grandes recordações disso.

Sempre tive medo de mortos, mas quando estive perto da minha avô, ali naquela caixão, não sentia que fosse uma coisa tenebrosa, algo ruim. Sentia, simplesmente, uma incontrolável saudade que doia. Fiquei ao lado dela, sentada , e questionando aquela situação que jamais viveria.

Hoje, tive outro falecimento na família. De uma prima do meu pai, muito, muito querida. Ela fazia aniversário um dia antes de mim. Leonina. Eu, ela e minha vô. Pessoas fortes e cativantes.

Mais uma vez, me peguei questionando essa coisa tão egoísta que é a morte. Que leva a pessoa querida para um buraco negro, onde você não sabe em qual canto desembocará.

Minha mãe, faz um trabalho voluntário, que sempre achei bizarro, mas , talvez, venha entendendo. Ela reza para os mortos, no velório. Se o padre não pode ir, lá vai minha mãe. Isso trouxe a ela algumas percepções maiores do ser humano e que ela tenta fazer com que eu aceite.

O ser humano nasce para morrer. Mas, para meu conforto, para o conforto de quando perder pessoas mais intimas e queridas ainda, devo compreender o falecimento como um descanço, como algo além, muito além de qualquer entendimento. É difícil para as pessoas chegarem a esse entendimento. A morte revolta, deixa vazio, mas deve ser sublimada.

Acho complicado aquele que em nada crê....deve ser uma dor infundanda.
O que devo aceitar é o renascimento que há depois da morte: Renasçamorte

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